sábado, 12 de março de 2011

Breve parágrafo sobre a vida intelectual

Quando passamos a ter interesse pela vida intelectual, pretendemos, acima de tudo, ler mais e mais. Creio que é o caminho mais natural, embora eu não descarte nada. No entanto, há todo o mundo a ser desvendado pelos olhos curiosos daquele que ama o saber, há dezenas e dezenas de pessoas a serem conhecidas, há um Deus a ser desvendado. Com o tempo, o interesse se volta para tudo isso, não há como, as realidades se comunicam, há um intercâmbio inevitável. Ler uma magnífica biografia é extraordinário, mas não se compara a conviver com uma grande alma, uma pessoa real. Uma poesia pode ser um contato inexplicável com o sublime, mas por que não tornar minha vida sublime, essa já inexplicável sucessão de fatos? Engraçado como nunca paramos e observamos o absurdo de nossa existência... Vivemos... E tudo se apresenta como tão normal, quando, na verdade, milagres nos cercam diariamente. O que entendemos do que está a nossa volta? E, mesmo assim, continuamos como se tudo fosse tão natural, tão óbvio, quase entediante... Acostumamos a viver, e não percebemos mais como é bom viver, como cada momento é indispensável, um redescobrir, uma insana loucura que tentamos irremediavelmente racionalizar. Contudo, ler continua sendo necessário. Ler e, mais adiante, como que por imposição dos livros já lidos e das realidades armazenadas, escrever muito, com muito amor, colocando o coração na ponta da pena. E assim vamos vivendo. De Deus ao mundo, do mundo às pessoas, das pessoas aos livros, dos livros à escrita...e a roda é interminável... Viver por viver, viver para que tudo se explique, vida lida e relida. Além de entendida, vivida.

Um comentário:

  1. Acho que a esperada recompensa já está vindo... Acho que Ela está sim de visita!
    Interessante a relação arte-vida, pensamento-experiência... O que vem antes? Quem sabe.. O fato é que o trabalho intelectual enriquece nossa experiência de vida e a experiência de vida enriquece o trabalho intelectual. Nesta roda interminável, como bem descreveu João.

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