sexta-feira, 22 de julho de 2011

Estou contente. Há pouco ouvi “o haver” do Vinícius, acompanhado por “aquele” violão, num tempo que me dei para reencontrá-lo. Descubro que tenho em minhas mãos, a qualquer hora do dia, momentos como este, que não valem apenas pelo que são agora, mas pelo que foram e continuam sendo dentro de nós. Fecho os olhos e pareço uma criança. Volto àquela sala em que tantas vezes nos deixamos perder pela madrugada e os tenho novamente comigo, meus amigos, minha alegria. Volto a sonhar, a sofrer de amor, a ter saudades de tudo e ainda mais esperança. Volto a sentar-me naquela cadeira, à beira da janela, defronte a avenida. Rio sozinho. Rio da nossa tragédia, porém compartilhada, da nossa maturidade patética. Rio do terno e da gravata, dos filhos que ainda nem vieram. Rio do trabalho, do casamento, do ser pai. Rio do ser homem. Tudo é leve, aceito a vida. Mesmo nesta hora, em que vejo a juventude esvaindo-se pela janela do quarto, descubro que a guardo eternizada dentro de mim. Não estou tão preso ao tempo, posso descuidar-me um pouco. Vou e venho pelos anos como quem navega em águas tranqüilas. Amo o mar e meus amigos. E amo ainda mais a mulher que está prestes a chegar. Com direito a ser bobo, romântico e a repetir todos os clichês. Amo a sua forma perfeita, a sua delicadeza. Amo o seu olhar terno, as suas mãos, a sua doçura. Já a tenho nos meus braços, mesmo antes de conhecê-la. Quando me surpreenderá numa porta, num jardim, talvez. E lhe darei uma rosa, e lhe direi: te amo, te amo, te amo. E ouviremos juntos um choro do Pixinguinha. E choraremos juntos, num tempo de inocência. Eu e minha amada, minha eterna namorada, a quem dedicarei serenatas, passeios no parque, risos e beijos. E a farei feliz e à nossa família. Estou de braços dados com a vida. E ela é macia. É tudo tão belo, tão grandioso e tão simples. Em toda fresta existe o amor e ele basta. Nada é tão grave ou tão difícil. Por isso, amo minha humanidade e amo quem nos criou. Amo nossa arte, nossa inspiração. Amo nossa luta diária, nosso sofrimento, nossa imperfeição. Não me pergunto mais sobre a existência, nem me deixo entregar a pensamentos obscuros, em vias desertas. Eu quero é estar próximo, quero dar presentes e celebrar. Quero a casa cheia, a mesa com todos os lugares. Quero o trabalho necessário, o suor merecido, o cansaço de todo fim de tarde. Quero consolar e ser consolado, quero rir e chorar. Quero viver. Viver intensamente. Não como se pudesse fazer da vida o que eu quisesse, ou como se ela fosse acabar amanhã. Quero vivê-la como ela é, por completo, com calma. Quero convivê-la. Porque a amo como o maior dom que já recebi e meu coração, mais que minha própria fé, sabe que a levarei eternamente comigo.


sábado, 16 de julho de 2011

Confissões de Antônio Carlos

Este blog realmente é importante. Não pelas pessoas que acidentalmente por aqui passam, mas por constituir um registro vivo deste percurso.

Olhando-o rapidamente deparo-me com Pedrão no texto abaixo, novamente nos brindando com sua tradicional eloquencia e com a fineza e percuciência no trato com as palavras. E Miguelito, do mesmo modo, figura onipresente em cada página deste blog, compartilha conosco, a cada momento suas angústias e pensamentos sobre as agruras da vida. Por fim, não é possível ainda olvidar João Augusto, o barba de fogo, que mantém nos textos que escreve a mesma característica dos diálogos frente a frente. Comentários argutos, que denotam quão afiada é sua inteligência.

Quisera eu poder me expressar como os demais colegas, aos quais, de peito aberto, nesta oportunidade peço desculpas pelo longo e forçado período de silêncio.

Culpo-me, na verdade, por colocar preocupações menores com o excesso de trabalho e com o estudo para concursos acima das coisas que verdadeiramente me animam o espírito e me alimentam a alma.

Somente a convivência com os senhores, insisto em destacar, me impele novamente a transcender os maus menores do dia-a-dia, que tantas vezes nos sufocam e nos desviam do verdadeiro caminho.

Percebo que mesmo à distância, este convívio virtual, temperado por agora escassos encontros presenciais, é imprescindível em minha vida. Por vezes, é necessário um puxão de orelhas para que ocorra o despertar mas o sono em si nunca foi efetivamente profundo.

Saibam, de todo modo, que os acompanho, por vezes calado, mas me mantenho presente nesta longínqua e interminável caminhança de nossas vidas.