O Bolsa Família já virou categoria intocável no imaginário político brasileiro. Ninguém pode fazer menção a criticá-lo que já aparecem inúmeros argumentos em prol do fim da miséria no país. Seja lá o que isso quer dizer: “são mais de 20 milhões fora da miséria!”. Falo isso dos ambientes de intelectuais atentos ao destino da nação, e preocupados com a igualdade social no Brasil. Intelectuais que nunca saíram dos corredores da universidade pública, acostumados a sua bolsa escola, bolsa de iniciação científica, bolsa de monitoria, bolsa do centro acadêmico, bolsa de pós, bolsa de pós-pós, enfim, todo tipo de vantagem com muito dinheiro público sem que se saiba ao certo quem é o seu dono... Se formos a um meio mais rotineiro, de pessoas que suaram desde cedo para conquistar a vida trabalhando, certamente não encontrarão uma pessoa sequer que defenda “o maior Programa de transferência de renda do mundo”, exatamente como está no site da Dilma, inclusive com o “P” maiúsculo, em clara alusão à divindade mítica assumida pelo conceito. Até a “oposição” o defende ardorosamente, propondo a criação de seu 13º, defendendo a paternidade dos primórdios do Programa, etc.
Ninguém nem mais percebe, todos já raciocinam diretamente com os bolsistas universitários, defensores de “algo muito maior”, seu próprio bolso. Isso, bolso com minúscula e no masculino, afinal, não se trata de uma entidade coletiva, mas de algo bem mais íntimo e pessoal, quase um órgão vital. É muito mais fácil comprar votos com essa Bolsa, para proteger meu bolso, do que mudar alguma coisa de verdade e, assim, ganhar o sufrágio popular. Arrisco: “o programa mais mesquinho de transferência de renda do mundo”.
Qual o futuro (e presente) está garantido a esses pobres coitados, bolsistas-família? Boa coisa não é, mas os outros bolsistas também não terão futuro brilhante. Mentira e ganância só barateiam a pessoa, levando a uma fossa de miséria muito mais suja e desesperadora.
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