segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

(In)direto ao ponto?

Nem sei por onde começar. Vejo o papel sobre a minha mesa: a obrigação semanal de escritor que me impus, e o peso dos afazeres semanais ainda sobre minha cabeça. Realmente, não sei o que dizer. Talvez diga algo ou somente fique enrolando vocês sem ir direto ao ponto. O ponto é que não há ponto. O melhor é não ter foco e ser imprevisível, inesperado, isto é, não ir direto ao ponto. Acho que a palavra impontualidade tem tal origem. A pessoa é inesperada, nunca está lá na hora marcada, não é alguém digno de boa pontaria... Não tem os ponteiros bem ajustados?!? É... Parece que é bem por aí... Hoje estou assim... Sem ponto, impontual, sem pontaria ou sem ponteiros... Já me disseram que isso é ruim, que não faz bem, que é coisa de pessoa com a personalidade mal formada... Não sei, nem sempre é bom ser uma pessoa equilibrada, a desproporção pode ser uma qualidade - de pessoas inesperadas podem vir surpresas muito boas, quem sabe descobertas... Daqueles que a toda hora fazem o previsto o que se pode esperar? Acho que só o previsto mesmo, nada diferente daquilo que sempre ocorre. Outro dia, estava pensando sobre a inconveniência e tive a mesmíssima sensação que estou tendo agora com a falta de ponto/impontualidade/ausência de ponteiros, etc. Acho que a falta de ponto é uma espécie do gênero inconveniência. O sem ponteiros nada mais é do que um inconveniente, quem gosta de alguém que sempre deixa os outros esperando? Também podem ser insuportáveis os pontuais à britânica, a conveniência elevada à décima potência. Nem tanto ao mar, nem tanto a terra. É preciso saber dosar, o inesperado muitas vezes terá de contar com a solidão, com a incompreensão, com olhares de reprovação, afinal, não é fácil aceitar aquilo que parece estar na contramão de tudo o que está acontecendo. Já o esperado é aquele que pretende surpreender o imprevisto, esquadrinhá-lo, deseja adiantar-se à beleza do acaso. Ocorre que a vida supera, e muito, a capacidade humana de antecipar-se. Enfim, cabe a cada um ter a sua medida, mas os extremos me soam a perigos a serem evitados.

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