domingo, 30 de janeiro de 2011

A primeira peça

Eu gostaria que minha primeira peça de teatro fosse a última.
Que besteira!
Como a gente pensa e faz besteira quando está se forçando a algo.
Minha primeira peça terá de ser espontânea
como as poesias que desejam ir ao papel
como as gotas de chuva escorrendo pela vidraça
por isso nem sei se algum dia irá pro papel
não é qualquer prêmio vagabundo que comprará aquilo que tenho de mais meu.

Orfeu e Rilke sorriem...
Tolentino me repete mais uma vez:
- Filhinho, o Espírito sopra onde quer.

2 comentários:

  1. Fez pensar na velha questão da inspiração, existe ou não? Penso que o artista sempre sofre a tentação da vaidade de se sentir criador. Tentação que coloca em risco a sua própria arte, que pode acabar se transformando apenas no espelho opaco de seu orgulho, fechando-se, justamente, à Beleza. Por outro lado, o artista precisa dizer sim ao sopro do Espírito, precisa estar disponível para servi-lo quando ele vier. Por isso, a inspiração existe e toca o artista, mas não é uma mágica, um transe. Também há muita disciplina, empenho, dedicação e suor na arte.

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  2. Talvez sirva os já batidos 90% de transpiração e 10% de inspiração. Já vi ser atribuído a muitos a colocação, talvez o inventor da lâmpada seja o dono dela, foi a paternidade que mais me convenceu... Precisamos estar a postos, dispostos e, então, mais dia, menos dia, a dona inspiração, a musa, o Espírito aparecem... O acaso na maioria das vezes não é mero acaso...talvez como o trem do Antonio Carlos de algum tempo atrás...

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