sexta-feira, 6 de abril de 2012

Eu não!

O povo brasileiro tem um péssimo hábito, deixar que os outros resolvam tudo. Do dia a dia nos lares e estabelecimentos comerciais à rotina dos grandes centros de decisões políticas. Iniciativa é palavra que só existe no vocabulário se vier acompanhada de outro substantivo, promoção. Para a classe política, o vocábulo também sofre, e só é bem visto se acompanhado de seu par, o voto. Por que tomar uma atitude em benefício dos outros se ninguém atua em meu proveito? Por que resolver uma situação se não é de minha competência? E o resultado de tudo isso, todos sabem, o “salve-se quem puder” que se tornou nosso espaço público, aqui se aplica perfeitamente “o que é de todos, não é de ninguém”, ou melhor, de ninguém ou de alguém que trate de se apropriar dele, o que torna a frase ainda mais próxima de nossa realidade.
Ouvi outro dia de um trabalhador do setor público: “É preciso aprender a trabalhar no governo, não é igual na iniciativa privada onde as coisas precisam ser resolvidas, aqui cada um só faz sua obrigação.” Mas não caio no engano de crer que nossa iniciativa privada seja muito melhor, a ineficiência também é enorme, com a diferença que os olhos do patrão são mais rigorosos do que os olhos impessoais do aparato estatal.
E, assim, as pessoas vão se tornando mais mesquinhas, mais preocupadas com o seu umbigo, mais incompetentes e menos realizadas. Fenômeno muito sério! Como um enorme pedaço de terra com duzentos milhões de habitantes pode ser de ninguém? Como assim? É isso mesmo, até o brasileiro está se tornando um ninguém, não é uma comunidade em normal desenvolvimento, não querem desenvolver capacidades, progredir. Todos só querem se dar bem. E essa atitude também gera o total descaso para com os outros e para com o que é dos outros (ou de todos).
Enfim, falta ao brasileiro sonhar mais alto, falta ao brasileiro querer ser alguém na vida...

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