quinta-feira, 29 de abril de 2010

Ernest Henley e nossa caminhança

Se caminhamos no rumo certo ou errado, isto é algo que apenas o tempo nos dirá. O fato é que semelhantes qualificativos acabam por se tornar demasiado abrangentes para abarcar toda a complexidade de nossas realidades. Enquanto jovens, somos puro potencial e a vida, tal como um caminho que se divide em incontáveis ramificações, supreende-nos e nos esmaga com a angústia de decidir que rumo tomar.

Como alívio, temos em mente a convicção de que qualquer caminho tomado poderá ser contornado. E que tal caminhança não fazemos sozinhos, mas na companhia de irmãos que por sofrerem na pele as mesmas dificuldades e circunstâncias, compreendem-nos como ninguém.

Sem apresentar respostas, porque creio que uma resposta, neste momento, não há, trago aos colegas as palavras de um poeta antes conhecido por este que vos fala, e que recentemente foi popularizado pela grande mídia.

Contemporâneo de D. H. Lawrence, muitos de seus poemas, porque considerados inspiradores, serviram de mote em momentos importantes da história. Especialmente Pro Rege Nostro (oh England, my England!), cujos versos eram muito conhecidos durante a primeira guerra mundial, contribuiu para que Henley saísse do esquecimento. Colhido pela tuberculose e pelo drama da amputação de uma perna, devido a uma infecção causada por esta doença, Ernest Henley redigiu o poema Invictus, que em latim reporta-se à idéia daquele que é inconquistável.

Os dois últimos versos dedico ao colega João Augusto, que jamais permitiu que vivêssemos inconscientemente, automaticamente, sem nos questionar.

Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll.
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.

William Ernest Henley

Um comentário:

  1. Invictus

    Além da noite que me envolve
    Negra como um poço, de polo a polo,
    Eu agradeço a qualquer Deus que possa existir
    Por minha inconquistável alma

    Na terrível garra das circunstâncias
    Eu não estremeci nem alto chorei
    Sob o golpe do destino
    Minha cabeça está sangrenta, mas erguida

    Para além deste lugar de ira e lágrimas
    Erguem-se o horror das sombras
    E ainda, a ameaça dos anos
    Encontra, e há de encontrar-me destemido

    Não importa quão estreito o portão
    Quão pesada seja a lista de castigos
    Eu sou o mestre do meu destino
    Eu sou o capitão da minha alma

    Tradução livre feita por Toninho

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