"Pois assim como todos os dias precisamos respirar, assim como todos os dias precisamos de luz e de alimento, assim como, também todos os dias, precisamos de amizade e, na realidade, precisamos de determinadas pessoas, a relação com Deus pertence aos elementos que sustentam absolutamente a vida. Se, de repente, Deus não estivesse presente, eu não poderia respirar bem espiritualmente".
"A menor força de amor já é maior do que o maior potencial de destruição".
"Eu creio! E no próprio ato de fé está incluído que isso vem d’Aquele que é a própria razão. Ao começar por me submeter com fé Àquele que não compreendo, sei que é precisamente assim que abro a porta para a verdadeira compreensão".
"Cada ser humano vive interiormente uma tensão entre múltiplos pólos [...]. Porque também os interesses que se tem, os talentos e a ausência deles, os conhecimentos e os desconhecimentos, a fé da Igreja no seu todo, não coincidem simplesmente de modo automático. Há, pois, em cada ser humano, também em mim, uma tensão interior. Mas não lhe chamaria dilaceração. Crer com a Igreja e o fato de saber que posso confiar neste saber, que os conhecimentos restantes recebem luz dele e, por outro lado, podem aprofundá-lo, isso é consistente. Sobretudo acontece que o ato fundamental de fé em Cristo e a tentativa de, a partir dele, dar unidade à vida harmonizam as tensões, de modo que não se tornem uma dilaceração, uma ruptura".
"Nessa medida, precisamos outra vez dessa confiança originária, que, em última análise, só a fé pode dar: que, no fundo, o mundo é bom, que Deus está presente e é bom. Que é bom viver e ser humano. Daí vem também a coragem para alegria, que, por sua vez, leva a que outros se alegrem e possam receber a Boa Nova".
"Creio firmemente que Deus de fato nos vê e nos deixa a liberdade – e, contudo, também nos conduz. [...] Isso significa que a minha vida não é composta de acasos, mas que Alguém prevê e anda, por assim dizer, na minha dianteira, antecipa-se ao meu pensamento e prepara a minha vida. [...] No entanto, isso não significa que o Homem seja completamente determinado, mas sim que esse destino é precisamente um desafio à sua liberdade. [...] Em todo caso, cada um tem a sua missão, o seu dom especial, ninguém é supérfluo, ninguém existe em vão. Cada um tem de procurar perceber qual é a sua vocação, e como responder melhor ao apelo que lhe é feito".
"A arte é fundamental. A razão sozinha, como se exprime na ciência, não pode ser toda a resposta do Homem à realidade e não é capaz de expressar tudo o que o Homem pode, quer e deve exprimir. Penso que Deus pôs isso no Homem. A arte é, com a ciência, o maior dom que Deus deu ao Homem".
"O Homem perde a própria dignidade quando não é capaz de conhecer a verdade; quando tudo não passa do produto de uma decisão individual ou coletiva".
"Digamos que a vida não é feita de contradições, mas de paradoxos. Uma alegria baseada num fechar de olhos perante os horrores da história acabaria por ser uma mentira ou uma ficção, uma maneira de fugir à realidade. Por outro lado, quem já não é capaz de ver que o Criador também transparece num mundo mau acaba por deixar de poder existir, torna-se cínico, ou então tem de se despedir da vida. [...] Precisamente quando se quer resistir ao mal, é tanto mais importante não cair num moralismo obscuro, que já não pode alegrar, mas que se veja realmente quanto há de belo, e que assim também se possa resistir ao que destrói a alegria".
"[...] o homem é um ser moral, responsável por si mesmo e pela humanidade, mas também é um ser que só pode receber de Deus os recursos para avançar".
"Mas é precisamente na arbitrariedade que a vida se torna vazia. A vida é séria demais para um mero jogo, em que somos confrontados com a morte e com o sofrimento. O Homem pode perder a própria identidade, mas não pode desfazer-se da própria responsabilidade, e, com ela, o seu passado sempre o alcança".
"Porque se não existe disponibilidade para uma subordinação a um todo conhecido e para se colocar a si mesmo a seu serviço, não pode haver uma liberdade comum; a liberdade do Homem é sempre liberdade partilhada. Tem de ser levada em conjunto e exige, por isso, o serviço. Claro que essas virtudes (o dever, a obediência e o serviço), se quisermos chamá-las assim, também podem ser mal empregadas, quando são atribuídas a um sistema errado. De um ponto de vista formal, não podem ser boas em si, senão quando ligadas ao fim para o qual estão orientadas. Esse fim, no meu caso, é a fé, é Deus, é Cristo, e assim tenho, em consciência, a certeza de que estão no lugar certo".
Sobre o casamento: "[...] encontramos a questão de uma decisão de vida definitiva no centro da própria personalidade: posso dispor já hoje, digamos, aos vinte e cinco anos, de toda a minha vida? É algo que se amolda ao Homem? Será possível agüentar isso e crescer vivamente e amadurecer _ ou não tenho antes de me manter constantemente aberto a novas possibilidades? No fundo a questão é a seguinte: faz parte do Homem a possibilidade do definitivo no âmbito central da sua existência? Pode suportar uma ligação definitiva, precisamente na decisão relacionada com o seu modo de vida? Diria duas coisas: Ele só pode isso quando se encontra realmente num grande enraizamento de fé; e, segundo, só então ele chega à forma plena do amor humano e da maturidade humana. Tudo o que não é casamento monogâmico é de menos para o Homem".
Sobre o sacerdócio: "Em Santo Agostinho pode-se ver isso muito bem. [...] que, na realidade, estava constantemente ocupado com as coisas do dia-a-dia, a lavar os pés ao próximo, e que estava disposto a desperdiçar, por assim dizer, a sua grande vida no que é pequeno, mas sabendo que desse modo não a desperdiçava. [...] Quando é corretamente vivido, não pode significar que se chega, finalmente, aos lugares de decisão do poder, mas que se renuncia a projetos de vida próprios e se põe ao serviço".
"A menor força de amor já é maior do que o maior potencial de destruição".
"Eu creio! E no próprio ato de fé está incluído que isso vem d’Aquele que é a própria razão. Ao começar por me submeter com fé Àquele que não compreendo, sei que é precisamente assim que abro a porta para a verdadeira compreensão".
"Cada ser humano vive interiormente uma tensão entre múltiplos pólos [...]. Porque também os interesses que se tem, os talentos e a ausência deles, os conhecimentos e os desconhecimentos, a fé da Igreja no seu todo, não coincidem simplesmente de modo automático. Há, pois, em cada ser humano, também em mim, uma tensão interior. Mas não lhe chamaria dilaceração. Crer com a Igreja e o fato de saber que posso confiar neste saber, que os conhecimentos restantes recebem luz dele e, por outro lado, podem aprofundá-lo, isso é consistente. Sobretudo acontece que o ato fundamental de fé em Cristo e a tentativa de, a partir dele, dar unidade à vida harmonizam as tensões, de modo que não se tornem uma dilaceração, uma ruptura".
"Nessa medida, precisamos outra vez dessa confiança originária, que, em última análise, só a fé pode dar: que, no fundo, o mundo é bom, que Deus está presente e é bom. Que é bom viver e ser humano. Daí vem também a coragem para alegria, que, por sua vez, leva a que outros se alegrem e possam receber a Boa Nova".
"Creio firmemente que Deus de fato nos vê e nos deixa a liberdade – e, contudo, também nos conduz. [...] Isso significa que a minha vida não é composta de acasos, mas que Alguém prevê e anda, por assim dizer, na minha dianteira, antecipa-se ao meu pensamento e prepara a minha vida. [...] No entanto, isso não significa que o Homem seja completamente determinado, mas sim que esse destino é precisamente um desafio à sua liberdade. [...] Em todo caso, cada um tem a sua missão, o seu dom especial, ninguém é supérfluo, ninguém existe em vão. Cada um tem de procurar perceber qual é a sua vocação, e como responder melhor ao apelo que lhe é feito".
"A arte é fundamental. A razão sozinha, como se exprime na ciência, não pode ser toda a resposta do Homem à realidade e não é capaz de expressar tudo o que o Homem pode, quer e deve exprimir. Penso que Deus pôs isso no Homem. A arte é, com a ciência, o maior dom que Deus deu ao Homem".
"O Homem perde a própria dignidade quando não é capaz de conhecer a verdade; quando tudo não passa do produto de uma decisão individual ou coletiva".
"Digamos que a vida não é feita de contradições, mas de paradoxos. Uma alegria baseada num fechar de olhos perante os horrores da história acabaria por ser uma mentira ou uma ficção, uma maneira de fugir à realidade. Por outro lado, quem já não é capaz de ver que o Criador também transparece num mundo mau acaba por deixar de poder existir, torna-se cínico, ou então tem de se despedir da vida. [...] Precisamente quando se quer resistir ao mal, é tanto mais importante não cair num moralismo obscuro, que já não pode alegrar, mas que se veja realmente quanto há de belo, e que assim também se possa resistir ao que destrói a alegria".
"[...] o homem é um ser moral, responsável por si mesmo e pela humanidade, mas também é um ser que só pode receber de Deus os recursos para avançar".
"Mas é precisamente na arbitrariedade que a vida se torna vazia. A vida é séria demais para um mero jogo, em que somos confrontados com a morte e com o sofrimento. O Homem pode perder a própria identidade, mas não pode desfazer-se da própria responsabilidade, e, com ela, o seu passado sempre o alcança".
"Porque se não existe disponibilidade para uma subordinação a um todo conhecido e para se colocar a si mesmo a seu serviço, não pode haver uma liberdade comum; a liberdade do Homem é sempre liberdade partilhada. Tem de ser levada em conjunto e exige, por isso, o serviço. Claro que essas virtudes (o dever, a obediência e o serviço), se quisermos chamá-las assim, também podem ser mal empregadas, quando são atribuídas a um sistema errado. De um ponto de vista formal, não podem ser boas em si, senão quando ligadas ao fim para o qual estão orientadas. Esse fim, no meu caso, é a fé, é Deus, é Cristo, e assim tenho, em consciência, a certeza de que estão no lugar certo".
Sobre o casamento: "[...] encontramos a questão de uma decisão de vida definitiva no centro da própria personalidade: posso dispor já hoje, digamos, aos vinte e cinco anos, de toda a minha vida? É algo que se amolda ao Homem? Será possível agüentar isso e crescer vivamente e amadurecer _ ou não tenho antes de me manter constantemente aberto a novas possibilidades? No fundo a questão é a seguinte: faz parte do Homem a possibilidade do definitivo no âmbito central da sua existência? Pode suportar uma ligação definitiva, precisamente na decisão relacionada com o seu modo de vida? Diria duas coisas: Ele só pode isso quando se encontra realmente num grande enraizamento de fé; e, segundo, só então ele chega à forma plena do amor humano e da maturidade humana. Tudo o que não é casamento monogâmico é de menos para o Homem".
Sobre o sacerdócio: "Em Santo Agostinho pode-se ver isso muito bem. [...] que, na realidade, estava constantemente ocupado com as coisas do dia-a-dia, a lavar os pés ao próximo, e que estava disposto a desperdiçar, por assim dizer, a sua grande vida no que é pequeno, mas sabendo que desse modo não a desperdiçava. [...] Quando é corretamente vivido, não pode significar que se chega, finalmente, aos lugares de decisão do poder, mas que se renuncia a projetos de vida próprios e se põe ao serviço".
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(Papa Bento XVI, trechos do livro "O Sal da Terra")
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