quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Podemos ser juízes dos nossos semelhantes?

"Lembra-te particularmente de que não podes ser juiz de ninguém. Porque na Terra não pode haver juiz de um criminoso sem que antes esse mesmo juiz saiba que também é tão criminoso como aquele que está à sua frente e, mais do que ninguém, talvez seja o culpado pelo crime que tem diante de si. Quando compreender isto poderá ser juiz. Isso é verdade, por mais insensato que pareça. pois se eu mesmo fosse um justo, talvez nem houvesse um criminoso diante de mim. Se puderes assumir o delito do criminoso que tens à frente e julgas com o teu coração, assume-o imediatamente e sofre tu mesmo por ele, liberando-o sem reprimenda. E mesmo que a própria lei te tenha constituído seu juiz, ainda assim procura criar dentro do espírito da lei até onde te for possível, pois ele será liberado e se condenará ainda mais amargamente do que faria teu julgamento. Se, apesar de teu afago, ele sair insensível e zombando de ti, não te sintas tentado: significará isto que a hora dele ainda não chegou, mas chegará oportunamente; se não chegar, não faz mal: se não for ele, outro o experimentará por ele, e sofrerá, e condenará, e acusará a si próprio, e a verdade será cumprida. Crê nisso, crê sem duvidar, porque é aí mesmo que está toda a esperança e toda a fé dos santos". (Fiódor Dostoiévski, "Os irmãos Karamásov")

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