sábado, 31 de dezembro de 2011


Com esta Carta quero resistir aos tempos. Como os grandes homens de outrora, em suas grandes batalhas, assim mando notícias, em uma carta que levará meses a chegar. Demora que não se faz caprichosa, porém necessária ao depósito lento dos acontecimentos. Precisamos recuperar a linha própria do Tempo, que supere a frívola aceleração de eventos fúteis em que estamos mergulhados. Fora das horas, no tempo em que habitam as notas de Mozart, as pedras de Michelangelo, os versos do poeta e as grandes conquistas. Nesta página sem pretensões, mergulhada na imensidão virtual, a que chamamos “caminhança”, abraçamos convictos a alegoria da vida como um grande caminho trilhado, unidos a uma tradição que remonta à Homero, à Virgílio, à Bíblia, à Dante, à Cervantes, à Tolkien. A história épica, a saga peregrina de nossas vidas, da vida de todos nós, de todos os homens.

Quero com esta Carta anunciar este desafio e esta alegria de estar vivo, de abraçar a vida desde o chão, a partir do céu, com liberdade e entusiasmo. Nosso tempo clama à guerra, ao compromisso, à Aliança! Escrevo a meus Amigos de Coração, com um espírito de exortação. Para que jamais deixemos que a lição dos Grandes Mestres, que tivemos a graça de receber, perca-se na escuridão sem memória. Em uma época de homens que vagam a esmo, recebemos a Missão de perpetuar a sabedoria dos antigos e de fazê-la prevalecer. No bastião de nosso Pai, iluminados pela Sua Esperança, tenhamos a coragem de enfrentar esta guerra silenciosa. Vamos juntos, fiéis ao numeroso exército dos Santos e com o coração de Mártires. Sem esmorecer. Sem dar ouvidos ao canto perigoso e sedutor que inunda as cidades. Com a certeza de que a vitória já pertence ao general bondoso que nos convocou desde o princípio.

Que a modernidade não nos torne frios e insensíveis aos acontecimentos mais iminentes. Que não estejamos presos aos afazeres deste mundo, nem a glória de nossos pares. Que a Eternidade sempre brilhe diante de nossos olhos, para que não nos entreguemos ao tempo. Ao frívolo tempo em que estamos mergulhados. Às tolas horas. Que os nossos anos não sejam marcados apenas pela vil comemoração dos porcos. Que sejamos dignos de nossa missão de verdadeiros Homens, pois nascemos para a plenitude. E é para Plenitude que devemos guiar nosso caminho.

Senhores Cavaleiros da Távola! É com este espírito que nos despedimos deste ano, fazendo as honrarias da casa. Foi um grande prazer lutar tendo-os ao meu lado, meus caros caminhantes. Assim espero continuar no próximo ano, que já desponta no horizonte como um Sol promissor. Sigo perseverante e fiel, abençoado por essas raras amizades e com o coração transbordando de esperança. Que Deus esteja conosco! Um forte abraço, Miguel.              

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