quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Barcelona, Wood Allen e a Apatia

Parece que certa apatia se instalou neste blog. Eu, pessoalmente, tenho sido um caminhante apático e solitário (ante o inexplicável sumisso dos demais caminhantes... Chego a pensar que devem ter encontrado alguma nova vereda distante e estão reunidos em segredo... Serei eu o único a não ter sido convidado?).
Na melhor das hipóteses um silêncio, talvez provocado por interesses e necessidades maiores. De mim, o que posso dizer é que, seja por excesso de preguiça, seja por falta de inspiração (se é que ela existe...), tenho vagado pelo mundo um tanto quanto indeferente. Nada tem me feito ter vontade de escrever. Sendo assim, para não deixar este espaço simplesmente calado, tenho vez ou outra aparecido aqui e postado alguns textos, com uma sensação permanente de que o que tenho a dizer vale muito pouco diante do que já esta dito de modo tão impecável.
Diante da minha solidão blóguica, tomei a liberdade de apresentar este texto um tanto quanto pessoal, bem ao gosto da bloguística (para não dizerem que estamos fora de moda e que este blog é demodè).
A verdade é que acabo de voltar de um filme de Wood Allen -Vick Cristina Barcelona e, talvez, isto explique o "espírito" deste texto e também a minha vontade repentina de escrever. Eu não entendo nada de cinema, muito menos de Wood Allen, mas gosto muito da sétima arte e tenho apreciado alguns filmes do diretor. E vou dizer que faz algum tempo que não saio tão satisfeito de um filme: é um raro exemplo (pelo menos entre os recentes) daqueles que não se tem a impressão de ter sido tratado como idiota. É inteligente, sutil, belo e respeita, de modo comovente, o seu espectador. Habilidade própria dos grandes filmes, percorre um fio sutil, beirando a um precipício, sem ceder a nenhum passo óbvio e seguro. É de fazer suar frio! Aquilo que tem tudo para ser um desastre acaba, no entanto, sendo um sucesso.
Não quero fazer grandes comentários. O meu senso de ridículo me impede de confiar na minha própria habilidade em percorrer o caminho proposto sem cair no buraco de que o filme se safou. Apenas digo que o cenário da cidade de Barcelona, a luz das terras catalãs, as obras de Gaudi, além da guitarra espanhola, dão ao filme um charme especial (sem falar nas belas atrizes...). Talvez um presente de consolo a nós espectadores que, inevitavelmente, temos muitas feridas reviradas durante o filme. Modernos, conservadores, liberais, amantes à moda antiga... Ninguém escapa de ser testemunha do seu tempo. Fica aqui a sugestão aos nossos parcos leitores e um convite aos preguiçosos caminhantes.
Quanto à mim, que já me fartava de tanta apatia, acabei, inesperadamente, sendo despertado pela ironia crua e provocante deste diretor. Apesar do gosto amargo na boca e da estranha, mas redentora, sensação de rir de si mesmo (ainda que o filme não provoque risadas), tenho muito a agradecer... Sem dúvida, uma grande obra de arte.

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