quinta-feira, 5 de maio de 2011

Alvorada de Maio


Ainda é madrugada quando se ouvem os primeiros estouros. Os fogos anunciam o início dos festejos e despertam os sinos da matriz. Ecoa no horizonte o chamado aos festeiros de São Benedito. Faltam nove dias para o treze de maio, a libertação dos pretos de Nossa Senhora do Rosário. A capela do largo está enfeitada, os andores, a quermesse e a congada. A cidade consagra-se mais uma vez ao santo padroeiro, confirmando a fé de seu povo. Em meio à noite estrelada, além dos fogos queimando as nuvens e os sinos dando vida ao metal, uma voz ainda mais intensa ressoa. Acolhe seus filhos, encoraja-os e canta que a lida dura passa e toda lágrima seca, porque há sempre um dia novo que vai nascer. Lembra-os da vitória, enche-os de alegria e vontade de viver. Então, oferece-os aos braços fortes de um pai e lhes garante o seu amor e a sua fidelidade. É dia quatro de maio quando a aurora desce quieta e suspensa, com devoção, sobre a cidade. Tudo se acalma. E esta voz que permanece intacta no silêncio tem o nome de Esperança.       

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