terça-feira, 15 de outubro de 2013

Sobre meu último contato com o Teatro

Querida professora, Bom, o curso básico de teatro marcou minha vida. Comecei-o em um momento de crise (em que repensava minha profissão de homem das leis, homem da justiça) e ajudou-me a retomar com mais amor tudo o que já fazia antes, auxiliou-me a lembrar que sempre preciso brincar e jogar para que continue fazendo arte em meu trabalho, nunca posso deixar de ser a criança feliz que sempre fui. Sempre classifiquei-me como artista, talvez por pretensão e arrogância, típicos de minha profissão jurídica, talvez por talento e sensibilidade, verdadeiras características do artista, provavelmente pelas duas razões. Mas a verdade é que sempre esforcei-me por ser um artista. Sempre que percebo estar caindo em soluções produzidas em série, lembro que I need to play and I need to play e o milagre sempre se faz, volto a ser aquela criança feliz e arteira! Sempre tive uma queda pelo teatro, provavelmente foi isso que sempre me encantou no Direito, talvez o encantamento que nos maravilha, provavelmente o encantamento que nos enfeitiça, para não perder a ironia... Piadas à parte, também amo muitíssimo o teatro, provavelmente um dia vou encará-lo de forma mais sistemática, sinto tal necessidade em meu interior, mas o Curso Básico ajudou-me a conhecer o teatro real e vivo, o teatro de nossas relações humanas, de todo nosso cotidiano, e recuperou-me para que voltasse a atuar recuperado, renovado da crise que minha vida me propunha. Poderia falar muito mais, tenho a convicção de que nem sei ao certo tudo o que recebi no curso, também sei que dei muito de mim - as semanas eram curtas para dar e receber tudo o que o curso exigia, não conseguia fazer mais nada, tudo girava em torno das aulas. Poderia falar das peças a que me dirigi, dos livros que li, dos amigos que fiz, tudo movido por aquelas semanas mágicas. Por que não continuei com tudo aquilo? Eis uma pergunta que ainda não respondi. Creio que não suportaria tanta Luz. Penso que não parei com tudo aquilo, só não estou preparado para a forma como tudo aquilo se apresentou, se mantivesse naquela esteira não seria algo verdadeiro, não seria de dentro para fora, mas de fora para dentro. A forma que busco hoje é a forma que melhor se adapta àquilo que levo em meu interior, uma enorme sede de Justiça, de lutar por aqueles que são injustiçados. Quer drama maior? A Luz posta em tal forma não ofusca meus olhos, assim sei que sou capaz... Satisfação em poder contribuir! Espero que você sempre continue sendo a professora e artista brilhante e generosa que sempre foi. Também aceito palpites felizes para minha caminhada! João Augusto!!!

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