quinta-feira, 10 de maio de 2012

Do livro "Estrela de Alto Mar", de Guy de Larigaudie (1908 - 1940)

"Um funcionário público pode não passar de um pobre burguês, submedíocre, embrutecido pela burocracia e obnubilado pela promoção e pela esperança de aposentadoria. Mas, se tiver coragem para tanto, poderá também, em seu pobre navio sobrecarregado de papelada e de rotina, caminhar para a Estrela." 

"Há muita gente que vive quase sem pecar. A vida lhes transcorre direitinho no quadro normal da profissão, da família. Agem como Deus determina nas grandes, como nas pequenas coisas. No entanto, são existências comuns, apagadas, sem luz; falta-lhes o amor a Deus. São como lareiras bem construídas, mas sem fogo. São pessoas de bem em vez de serem santos."

"Sonhos demasiado grandes para nossas forças nos pesam, por vezes, sobre os ombros, sonhos de conquistador, de santo ou de descobridor de mundos, sonhos que foram os de um Mermoz, de um Gengiscão ou de um Francisco de Assis. Não devemos desanimar por sermos apenas o que somos. A mais prodigiosa das aventuras é a própria vida, e ela está ao alcance de nossas forças. A ventura muito breve: trinta, cinquenta, oitenta anos talvez que devemos transpor entre dificuldades, equipados como um veleiro a singrar para a estrela do alto mar, _ nosso único refúgio, nossa única esperança. Que importam vendavais, tempestades ou calmarias, desde que haja essa estrela! Sem ela nada nos restaria senão vomitar a própria alma, e destruir-se de desespero. Mas lá está a luz da estrela, e a sua busca, a sua procura faz da vida humana uma aventura mais maravilhosa que a conquista de um mundo ou a trajetória de uma nebulosa. Essa aventura não está acima de nossa capacidade. Basta ir de encontro ao nosso Deus para estarmos à altura do infinito, e isto legitima todos os nossos sonhos."

"Andei passeando através do mundo como num jardim cercado de muros. Levei minha aventura de uma ponta a outra dos cinco continentes e realizei um por um todos os sonhos de minha meninice. O parque da antiga vivenda de Périgord, onde dei meus primeiros passos, alargou-se até os limites da terra e realizei sobre o mapa-mundi a bela aventura da minha vida. No entanto, apenas recuei os muros do jardim, e me sinto sempre numa prisão. Mas dia virá em que poderei cantar um cântico de amor e de alegria. Todas as barreiras se romperão. E possuirei o infinito."

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